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Insônia

O tic-tac do relógio, como um martelo suave, ecoava pela noite. Eu permaneci acordado, o suficiente para manter uma conversa com meu travesseiro. Ele não era apenas espuma e tecido; parecia um confidente silencioso, transmitindo mensagens telepáticas. Não, não estou louco ou vivenciando uma paranoia.

Eu ansiava pelo sono, mas o travesseiro insistia em discutir política. De política, nada mais me interessa, declarei, exausto pelas decepções. Não quero mais ver absurdos... Antes que eu pudesse terminar a frase, o travesseiro "falou":

"Em política, um absurdo não é um obstáculo."

Napoleão Bonaparte já havia proferido essa frase. Mas em política, onde se presume seriedade, como poderia haver espaço para absurdos?

"Você não assiste aos noticiários?", provocou o travesseiro. "Na campanha eleitoral da Argentina, Javier Milei conversou com um cachorro que morreu em 2017. Absurdo, não?"

Eu relutei. Não posso acreditar em algo tão surreal...

"Você é inocente", zombou o travesseiro. "Na política, há mais absurdos do que imagina. Por exemplo, o venezuelano Nicolás Maduro afirmou que o ex-presidente Hugo Chávez apareceu para ele em forma de um 'passarinho pequenino' e o abençoou... por meio de assobios."

Travesseiro, travesseiro, murmurei, você está delirando nas asas da imaginação.

"Não, não estou", insistiu ele. "Veja o Brasil".

Não quero mais falar de política, decidi. Agora é hora de pacificar, acalmar os ânimos.

"Então, vamos conversar sobre sonhos", sugeriu o travesseiro.

Mas você não me deixa dormir, reclamei. Como terei sonhos?

"Sonhe acordado", ele respondeu. "Os mais lindos sonhos são quando o pensamento voa, trazendo recordações do passado, vivenciando o presente e imaginando o futuro."

Embalado pelos pensamentos, adormeci.

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