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Estiagem 

Nessa época em que a falta de chuva é constante, lembro-me de algumas histórias da época de adolescente. São histórias que o povo conta ou de fato vivenciei, já não me recordo como foi de fato. 

O fato é que a seca estava trincando o chão e o sol impiedoso castigava Fartura. As pastagens secando, não era raro ver alguma criatura morta por sede ou fome, sabe-se lá. O povo, clamava a Deus por misericórdia, fazia suas rezas, novenas e nada de chuva nos torrões farturense.  

Salomé, mulher de muita fé, pensou que talvez o povo não estivesse sabendo a melhor maneira de interceder a Deus por chuva em nosso rincão e sugeriu ao povo solicitar ao padre da paróquia que fizesse a interseção por eles. Juntou-se cinco ou seis beatas e lá foram elas falar com o padre João.  

O padre após ouvir o clamor das beatas, disse a elas que reunissem o povo para a manhã de domingo em frente da igreja matriz para rezarem e caminhar em procissão até um sítio próximo. 

Chegou a manhã de domingo e o povo estava lá no pátio da igreja, era uma multidão e havia até quem falasse que tinha mais gente que a população de Fartura. Maria José, improvisou um altar, Salomé trouxe as velas, Madalena distribuía folhetos com os cânticos, José de Arimatéia puxava as orações. 

O padre chegou, observou, conversou com alguns e disse: 

- Não vou fazer a reza. Vocês não têm fé e sem fé fervorosa não adianta rezar. 

Ao que uma das beatas responde: 

- Mas padre, acordamos cedo e viemos em peso aqui, isso não é demonstração de fé?   

- Minha filha, se vocês tivessem fé de verdade viriam de guarda-chuvas! 

E virou-se e foi embora, frustrando a população. Salomé, revoltada disse a quem quisesse ouvir:- Vou pedir ao Bispo a cabeça do padre João. 

Tibério que estava próximo, ouviu os dizeres da Salomé e respondeu baixinho: Dou o maior apoio. 

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