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É comum encontrar pais que, num misto de desespero, revolta e vergonha, perguntam-se, em relação aos seus filhos: “onde foi que eu errei?”. A problemática que envolve a relação pais e filhos é gritante em todos os sentidos.


A título de conceituação, a expressão “onde foi que eu errei?” evidencia que certo e errado são referências e critérios que orientam a análise sobre algo ou alguém.

Enquanto o certo atrai aplausos e elogios, o errado atrai críticas, desprezo, convoca à identificação de culpados e, consequentemente, seu julgamento e condenação. Os pais do “onde foi que eu errei?” perguntam-se, denunciam-se, julgam-se e condenam-se ao mesmo tempo; expressam sentimento de culpa por seus filhos não corresponderem às expectativas, suas ou de outros, em relação ao supostamente certo.
          
O “onde foi que eu errei?” seguido por justificativas do tipo “nunca deixei faltar nada”, “dei tudo o que eu não tive”“sempre teve do bom e do melhor”, faz emergir a verdade quase nunca admitida: boa parte dos pais concentraram sua atenção unicamente no zelo, cuidado e manutenção dos filhos.
           
O irreverente espírito da modernidade que a tudo e a todos questiona permite-nos perguntar: para que servem os pais? Qual a necessidade de um ser humano ter pais? Muitos afirmam que a instituição família está fadada ao fracasso. De fato, se considerarmos que a função dos pais seja única e exclusivamente cuidar e manter, temos que admitir que não precisamos deles, que são desnecessários.
           
É cada vez mais raro encontrar maltrapilhos e menores abandonados pelas ruas. Poder público, ONGs, clubes de serviço e igrejas desenvolvem projetos que os provêm das necessidades básicas. Vivemos no país do bolsa família, bolsa escola, bolsa alimentação... Se tantos, teoricamente, têm a preocupação de cuidar e manter, para que servem os pais?
             
Perguntas autocondenatórias, justificativas superficiais, orientações comportamentais e assistencialismo não solucionam adequadamente os desafios. Superemos o olhar reducionista que atribui aos pais, unicamente, funções referentes a cuidado e manutenção dos filhos. Reencontremos, resgatemos o que é único, insubstituível e próprio do ‘ser pai’ e ‘ser mãe’, antes de tudo, assumir, por amor, livre e responsavelmente, a missão de colaborar com a ação criadora da vida, sendo instrumentos para que o ser humano nasça, cresça e se desenvolva em todos os sentidos e dimensões e, muito mais do que simplesmente viver bem, seja, de fato, feliz. Se não for assim, para que servem os pais?

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