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Sorte, não! Muito esforço

 

Conseguir sucesso na vida ou em determinada situação não é obra do acaso. Pessoas otimistas, que criam e aproveitam oportunidades, são mais afortunadas, analisam especialistas

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TRÈS CHIC: Franklin Santos, em Paris, uma das várias cidades que conheceu sem ter que gastar com passagem ou hospedagem

Na lista dos 35 ganhadores da promoção de aniversário de uma indústria brasileira de alumínios, o nome de Franklin Santos aparece 21 vezes. Em agosto, o carioca de 33 anos viu chegar à sua casa, em uma única semana, todos os prêmios que ganhou: 10 celulares, 2 TVs de LCD, 4 motos e todos os 5 tablets da promoção.

Considerado um dos maiores vencedores de concursos do País, o professor universitário já ganhou mais de 800 prêmios no período de 15 anos. Foram centenas de eletrodomésticos, 4 casas, 30 automóveis (incluindo um Porsche avaliado em R$ 500 mil) e 17 viagens internacionais, duas delas para ver os jogos da Copa do Mundo. “Eu conheço o mundo inteiro sem gastar um centavo”, diz orgulhoso. “Há 3 meses, emendei uma viagem de Paris a Pequim, tudo com promoções.” O prêmio mais valioso, conta o rapaz, foi o Porsche, que ele acabou vendendo.

Contrariando o que pensa a maioria ao saber das conquistas de Santos, ele afirma não acreditar na sorte. “Meu mérito está na minha dedicação e no meu esforço. A minha sorte foi ter percebido uma oportunidade antes que a maioria notasse”, trata de explicar.

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MÉRITO: Considerado uma dos maiores ganhadores de concurso do País, Fraklin Santos já conquistou mais de 800 prêmios em 15 anos. Acima, à esquerda, a lista de um sorteio recente em que o nome dele aparece 21 vezes num total de 35 ganhadores

Para Santos, o caminho ao pote de ouro não é nenhum mistério. Ele participa de todos os concursos que julga interessantes e atualmente está cadastrado em 30, cada um com várias inscrições, o que aumenta suas chances. “Viro noites mandando SMS e me cadastrando nos sites enquanto os outros estão dormindo”, compara. “Além disso, mantenho uma rede de contatos para cercar as promoções no Brasil todo.”

O professor carioca mostra na prática o que cientistas e escritores defendem na teoria. Afinal, para o psicólogo britânico Richard Wiseman, autor do livro “O Fator Sorte” (Editora Record), e o consultor Marc Myers, autor de “Faça a Sua Sorte” (Editora Best Seller), a fortuna está ao alcance de todos e pode ser desenvolvida e ampliada. Para tanto, basta saber criar e aproveitar as oportunidades.

Para Renato Sabbatini, neurocientista e presidente da Sociedade Brasileira de Céticos, sorte ou azar não existem. “Trata-se de uma questão de probabilidade. É mais fácil você morrer caindo do elevador do que ganhar na Mega-Sena, mas o fato é que sempre alguém vai ganhar”, diz. “Se a pessoa fez 200 apostas, ela aumentou a probabilidade de ganhar em relação a quem só jogou uma vez. Ela manipulou a sorte dela.”

Durante 10 anos, o psicólogo britânico Richard Wiseman acompanhou 400 pessoas que se consideravam sortudas ou azaradas. Ao compará-las, ele concluiu que havia diferenças de comportamento entre os dois grupos. Os afortunados eram otimistas, proativos, atentos às oportunidades e lidavam bem com as situações ruins, pois imaginavam como poderiam ser piores. A partir daí, tomavam novas ações. Já os desafortunados se comportavam às avessas.

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INTUIÇÃO: David Portes, que apostou numa oportunidade de negócio e mudou o próprio destino

“Embora os afortunados e os desafortunados quase sempre desconheçam as causas reais de sua boa ou má sorte, seus pensamentos e comportamentos são responsáveis por grande parte de sua fortuna”, escreveu Wiseman em artigo publicado no jornal Skeptical Inquirer. No mesmo texto, o psicólogo acrescentou que os azarados que mudaram sua atitude diante da vida também fizeram a roda da fortuna girar.

“Quando você tem uma atitude positiva, os níveis de neurotransmissores bons aumentam, o que traz energia e emoções positivas. Sem essa resposta instintiva do cérebro seríamos incapazes de aprender. Aprendizado é tudo na vida”, analisa o neurocientista Sabbatini.

Um dos maiores palestrantes da área de marketing do Brasil, David Portes, de 55 anos, começou sua trajetória com R$ 12 que pegou emprestado de um porteiro. Nascido em Campos do Goytacazes (RJ), Portes mudou-se para a capital do Estado em busca do sonho de uma vida melhor. Porém, a empresa em que foi trabalhar faliu. Sem dinheiro para pagar o aluguel, foi despejado e passou dias na rua. A situação piorou quando sua esposa, então grávida, adoeceu e precisou de remédios.

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Com os R$ 12 emprestados, Portes comprou doces em vez de medicamentos e, como ambulante, começou a vendê-los pelas ruas. “Foi um aviso, um estalo”, relembra. “Você tem de perceber que uma hora abre uma porta. Aquele era o momento de buscar o meu destino.” Ele ouviu a intuição, uma capacidade dos afortunados, segundo o psicólogo Wiseman. “É preciso ter atitude, ousadia ou nada acontece na vida. Eu mudei meu destino”, diz Portes.

Para a psicóloga comportamental Denise Pará Diniz, coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é importante acreditar nas próprias capacidades e se sentir como alguém de sorte. “Pode ser verdade que a força de algo externo, como um objeto, pode dar sorte. Isso é uma percepção pessoal. Mas vai trazer muito mais sorte se a pessoa acreditar que tem recursos internos, habilidades próprias que, conforme gerenciar, vão ocasionar saúde, afeto, sucesso.”

Em apenas 2 horas, Portes tinha conseguido dobrar o capital emprestado. Em 1 ano, sua barraca de doces – que ainda existe na capital carioca – já tinha mais de 300 produtos. Com o sucesso, surgiu a concorrência e as vendas diminuíram. “Precisei inovar para chamar a atenção das pessoas e por isso comecei a fazer propaganda”, diz o palestrante de marketing, que só estudou até a 7ª série.

Portes fez de sua banca uma loja de departamento, começou a distribuir brindes, fazer entregas, entre outras inovações e virou notícia. “A má sorte o ajuda a desenvolver instintos de sobrevivência e talentos antes desconhecidos”, afirma um dos trechos do livro “Faça a Sua Sorte”, de Marc Myers. “Mas, para ver o infortúnio como uma oportunidade, você precisa acreditar que será bem-sucedido ao final”, continua o texto.

Portes foi chamado para dar uma palestra para os 180 maiores empresários do País, outra virada em sua vida. Ele nunca mais parou e hoje contabiliza mais de mil palestras pelo Brasil, além de ter a própria agência de marketing. “A sorte só vem por meio de muito trabalho.”

O palestrante e consultor empresarial Sérgio Dal Sasso concorda com Portes. “Se você acerta mais, o mercado te chama de sortudo. Mas, na verdade, é que você estava preparado para as oportunidades.” Segundo ele, a chamada “sorte nos negócios” depende muito do próprio empreendedor. “O fato de a pessoa dar o tiro certo no negócio não significa que, no passado, ela não tenha tentado outras formas que foram frustradas”, observa Dal Sasso.

A perserverança vale também para histórias de amor. Descobrir uma grande paixão não depende só do acaso, de acordo com o psicólogo Ailton Amélio da Silva, autor de livros “O Mapa do Amor” e “Relacionamento Amoroso”. Segundo ele, “acreditar que vai encontrar um grande amor aumenta a confiança, o que melhora a autoestima, a motivação”. Além disso, continua o psicólogo, é preciso também agir para achar a cara-metade. “Em grande parte, só a atitude colabora. Se você não tenta, não passa confiança e diminui as suas chances”, explica.

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ANOS DE ESTUDO: Defender os pênaltis do Bayern de Munique, na Copa dos Campeões da Europa, não foi sorte, afirmou o goleiro Petr Cech, do Chelsea

Na área esportiva, a sorte também depende de dedicação, principalmente na hora de marcar um pênalti. Um estudo do Instituto de Ciências Biomédica da Universidade de São Paulo (USP), que analisou os efeitos da fadiga e do estresse nas cobranças dos pênaltis, concluiu que a falta de treino estão entre os motivos que levam a falhas. “Quanto mais você se convence que pênalti é uma loteria, mais você está estressado porque não depende de você o êxito”, diz o pesquisador Ronald Ranvaud.

Em maio, ao defender um pênalti que provavelmente daria o título de vencedor da Copa dos Campeões da Europa ao Bayern de Munique, o goleiro Petr Cech, do Chelsea, levou o jogo aos pênaltis. Nas cobranças das penalidades máximas, ele defendeu duas bolas e acertou o lado em que a bola caiu nos cinco chutes ao gol. Não foi sorte, disse Cech. Ele e a equipe técnica estudaram as cobranças feitas pelo Bayern de Munique desde 2007.

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TALENTO: O atacante Romarinho, minutos após ter entrado em campo contra o Boca Juniors, em Buenos Aires, empatou a partida que ajudou o Corinthians a ganhar a Copa Libertadores

Em julho, o atacante do Corinthians Emerson Sheik fez dois gols contra o Boca Juniors na final da Copa Libertadores e garantiu o sonhado título que faltava ao clube. Em entrevista ao “Jornal da Record”, ele atribuiu a vitória à dedicação e disse não acreditar na sorte.

Foi Sheik, aliás, quem fez o passe para o atacante Romarinho fazer, no primeiro toque na bola, aos 40 minutos do segundo tempo, o gol de empate contra o Boca Juniors no primeiro jogo da decisão da Libertadores. Desde então, Romarinho virou herói corintiano e diz ter sorte contra o Palmeiras, que já sofreu até agora três gols do atacante e corre o risco de ser rebaixado para a Série B.

Para Érico Cardoso Lima, o primeiro técnico de Romarinho, o talento do jogador é o que faz a diferença: “Não é só sorte. Ele tem muito talento, qualidade, se adapta fácil em campo. Ele lutou muito, passou por vários clubes, fez vários testes e nunca desistiu”.

 

Marília Medrado

Edited by Jeremias
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  • 2 years later...
Posted
Em 11/12/2014 at 12:33, Jeremias disse:

Sorte, não! Muito esforço

 

Conseguir sucesso na vida ou em determinada situação não é obra do acaso. Pessoas otimistas, que criam e aproveitam oportunidades, são mais afortunadas, analisam especialistas

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TRÈS CHIC: Franklin Santos, em Paris, uma das várias cidades que conheceu sem ter que gastar com passagem ou hospedagem

Na lista dos 35 ganhadores da promoção de aniversário de uma indústria brasileira de alumínios, o nome de Franklin Santos aparece 21 vezes. Em agosto, o carioca de 33 anos viu chegar à sua casa, em uma única semana, todos os prêmios que ganhou: 10 celulares, 2 TVs de LCD, 4 motos e todos os 5 tablets da promoção.

Considerado um dos maiores vencedores de concursos do País, o professor universitário já ganhou mais de 800 prêmios no período de 15 anos. Foram centenas de eletrodomésticos, 4 casas, 30 automóveis (incluindo um Porsche avaliado em R$ 500 mil) e 17 viagens internacionais, duas delas para ver os jogos da Copa do Mundo. “Eu conheço o mundo inteiro sem gastar um centavo”, diz orgulhoso. “Há 3 meses, emendei uma viagem de Paris a Pequim, tudo com promoções.” O prêmio mais valioso, conta o rapaz, foi o Porsche, que ele acabou vendendo.

Contrariando o que pensa a maioria ao saber das conquistas de Santos, ele afirma não acreditar na sorte. “Meu mérito está na minha dedicação e no meu esforço. A minha sorte foi ter percebido uma oportunidade antes que a maioria notasse”, trata de explicar.

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MÉRITO: Considerado uma dos maiores ganhadores de concurso do País, Fraklin Santos já conquistou mais de 800 prêmios em 15 anos. Acima, à esquerda, a lista de um sorteio recente em que o nome dele aparece 21 vezes num total de 35 ganhadores

Para Santos, o caminho ao pote de ouro não é nenhum mistério. Ele participa de todos os concursos que julga interessantes e atualmente está cadastrado em 30, cada um com várias inscrições, o que aumenta suas chances. “Viro noites mandando SMS e me cadastrando nos sites enquanto os outros estão dormindo”, compara. “Além disso, mantenho uma rede de contatos para cercar as promoções no Brasil todo.”

O professor carioca mostra na prática o que cientistas e escritores defendem na teoria. Afinal, para o psicólogo britânico Richard Wiseman, autor do livro “O Fator Sorte” (Editora Record), e o consultor Marc Myers, autor de “Faça a Sua Sorte” (Editora Best Seller), a fortuna está ao alcance de todos e pode ser desenvolvida e ampliada. Para tanto, basta saber criar e aproveitar as oportunidades.

Para Renato Sabbatini, neurocientista e presidente da Sociedade Brasileira de Céticos, sorte ou azar não existem. “Trata-se de uma questão de probabilidade. É mais fácil você morrer caindo do elevador do que ganhar na Mega-Sena, mas o fato é que sempre alguém vai ganhar”, diz. “Se a pessoa fez 200 apostas, ela aumentou a probabilidade de ganhar em relação a quem só jogou uma vez. Ela manipulou a sorte dela.”

Durante 10 anos, o psicólogo britânico Richard Wiseman acompanhou 400 pessoas que se consideravam sortudas ou azaradas. Ao compará-las, ele concluiu que havia diferenças de comportamento entre os dois grupos. Os afortunados eram otimistas, proativos, atentos às oportunidades e lidavam bem com as situações ruins, pois imaginavam como poderiam ser piores. A partir daí, tomavam novas ações. Já os desafortunados se comportavam às avessas.

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INTUIÇÃO: David Portes, que apostou numa oportunidade de negócio e mudou o próprio destino

“Embora os afortunados e os desafortunados quase sempre desconheçam as causas reais de sua boa ou má sorte, seus pensamentos e comportamentos são responsáveis por grande parte de sua fortuna”, escreveu Wiseman em artigo publicado no jornal Skeptical Inquirer. No mesmo texto, o psicólogo acrescentou que os azarados que mudaram sua atitude diante da vida também fizeram a roda da fortuna girar.

“Quando você tem uma atitude positiva, os níveis de neurotransmissores bons aumentam, o que traz energia e emoções positivas. Sem essa resposta instintiva do cérebro seríamos incapazes de aprender. Aprendizado é tudo na vida”, analisa o neurocientista Sabbatini.

Um dos maiores palestrantes da área de marketing do Brasil, David Portes, de 55 anos, começou sua trajetória com R$ 12 que pegou emprestado de um porteiro. Nascido em Campos do Goytacazes (RJ), Portes mudou-se para a capital do Estado em busca do sonho de uma vida melhor. Porém, a empresa em que foi trabalhar faliu. Sem dinheiro para pagar o aluguel, foi despejado e passou dias na rua. A situação piorou quando sua esposa, então grávida, adoeceu e precisou de remédios.

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Com os R$ 12 emprestados, Portes comprou doces em vez de medicamentos e, como ambulante, começou a vendê-los pelas ruas. “Foi um aviso, um estalo”, relembra. “Você tem de perceber que uma hora abre uma porta. Aquele era o momento de buscar o meu destino.” Ele ouviu a intuição, uma capacidade dos afortunados, segundo o psicólogo Wiseman. “É preciso ter atitude, ousadia ou nada acontece na vida. Eu mudei meu destino”, diz Portes.

Para a psicóloga comportamental Denise Pará Diniz, coordenadora do Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é importante acreditar nas próprias capacidades e se sentir como alguém de sorte. “Pode ser verdade que a força de algo externo, como um objeto, pode dar sorte. Isso é uma percepção pessoal. Mas vai trazer muito mais sorte se a pessoa acreditar que tem recursos internos, habilidades próprias que, conforme gerenciar, vão ocasionar saúde, afeto, sucesso.”

Em apenas 2 horas, Portes tinha conseguido dobrar o capital emprestado. Em 1 ano, sua barraca de doces – que ainda existe na capital carioca – já tinha mais de 300 produtos. Com o sucesso, surgiu a concorrência e as vendas diminuíram. “Precisei inovar para chamar a atenção das pessoas e por isso comecei a fazer propaganda”, diz o palestrante de marketing, que só estudou até a 7ª série.

Portes fez de sua banca uma loja de departamento, começou a distribuir brindes, fazer entregas, entre outras inovações e virou notícia. “A má sorte o ajuda a desenvolver instintos de sobrevivência e talentos antes desconhecidos”, afirma um dos trechos do livro “Faça a Sua Sorte”, de Marc Myers. “Mas, para ver o infortúnio como uma oportunidade, você precisa acreditar que será bem-sucedido ao final”, continua o texto.

Portes foi chamado para dar uma palestra para os 180 maiores empresários do País, outra virada em sua vida. Ele nunca mais parou e hoje contabiliza mais de mil palestras pelo Brasil, além de ter a própria agência de marketing. “A sorte só vem por meio de muito trabalho.”

O palestrante e consultor empresarial Sérgio Dal Sasso concorda com Portes. “Se você acerta mais, o mercado te chama de sortudo. Mas, na verdade, é que você estava preparado para as oportunidades.” Segundo ele, a chamada “sorte nos negócios” depende muito do próprio empreendedor. “O fato de a pessoa dar o tiro certo no negócio não significa que, no passado, ela não tenha tentado outras formas que foram frustradas”, observa Dal Sasso.

A perserverança vale também para histórias de amor. Descobrir uma grande paixão não depende só do acaso, de acordo com o psicólogo Ailton Amélio da Silva, autor de livros “O Mapa do Amor” e “Relacionamento Amoroso”. Segundo ele, “acreditar que vai encontrar um grande amor aumenta a confiança, o que melhora a autoestima, a motivação”. Além disso, continua o psicólogo, é preciso também agir para achar a cara-metade. “Em grande parte, só a atitude colabora. Se você não tenta, não passa confiança e diminui as suas chances”, explica.

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ANOS DE ESTUDO: Defender os pênaltis do Bayern de Munique, na Copa dos Campeões da Europa, não foi sorte, afirmou o goleiro Petr Cech, do Chelsea

Na área esportiva, a sorte também depende de dedicação, principalmente na hora de marcar um pênalti. Um estudo do Instituto de Ciências Biomédica da Universidade de São Paulo (USP), que analisou os efeitos da fadiga e do estresse nas cobranças dos pênaltis, concluiu que a falta de treino estão entre os motivos que levam a falhas. “Quanto mais você se convence que pênalti é uma loteria, mais você está estressado porque não depende de você o êxito”, diz o pesquisador Ronald Ranvaud.

Em maio, ao defender um pênalti que provavelmente daria o título de vencedor da Copa dos Campeões da Europa ao Bayern de Munique, o goleiro Petr Cech, do Chelsea, levou o jogo aos pênaltis. Nas cobranças das penalidades máximas, ele defendeu duas bolas e acertou o lado em que a bola caiu nos cinco chutes ao gol. Não foi sorte, disse Cech. Ele e a equipe técnica estudaram as cobranças feitas pelo Bayern de Munique desde 2007.

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TALENTO: O atacante Romarinho, minutos após ter entrado em campo contra o Boca Juniors, em Buenos Aires, empatou a partida que ajudou o Corinthians a ganhar a Copa Libertadores

Em julho, o atacante do Corinthians Emerson Sheik fez dois gols contra o Boca Juniors na final da Copa Libertadores e garantiu o sonhado título que faltava ao clube. Em entrevista ao “Jornal da Record”, ele atribuiu a vitória à dedicação e disse não acreditar na sorte.

Foi Sheik, aliás, quem fez o passe para o atacante Romarinho fazer, no primeiro toque na bola, aos 40 minutos do segundo tempo, o gol de empate contra o Boca Juniors no primeiro jogo da decisão da Libertadores. Desde então, Romarinho virou herói corintiano e diz ter sorte contra o Palmeiras, que já sofreu até agora três gols do atacante e corre o risco de ser rebaixado para a Série B.

Para Érico Cardoso Lima, o primeiro técnico de Romarinho, o talento do jogador é o que faz a diferença: “Não é só sorte. Ele tem muito talento, qualidade, se adapta fácil em campo. Ele lutou muito, passou por vários clubes, fez vários testes e nunca desistiu”.

 

Marília Medrado

Matéria muito interessante. Gosto dela.

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