Dias sim, dias não, passo a pensar sobre a velhice, a minha. Não sei se ela já chegou de fato ou vem chegando, sorrateira, um pouquinho de cada vez e iludido não percebo sua presença. Nesses pensamentos, ainda sinto o prazer de olhar a paisagem da janela, curtir os sonhos da eterna juventude nos devaneios da mente, no fantástico mundo interior onde podemos fazer do tempo gato e sapato, ir e vir numa constante fantástica.
Dissimulo as dores, imagino que uma caminhada a lentos passos são coisas de um jovem ou que poucos cabelos brancos é sinal de juventude.
Mas a realidade...
A cada volta em torno do sol acrescenta-se um ano na nossa existência na face da terra e não sendo mais jovem, às vezes a artrite ou sabe-se lá se é artrose, sentimos alguma coisa até na ponta do fio de cabelo. E nesse contexto fui ao geriatra. No final da consulta ele me disse com um certo suspense, voz firme e um timbre de certa forma assustador e irônico ao mesmo tempo.
- Meu jovem, cuide-se. Não coma mais carne, tomate, cenoura, não beba cerveja e andar de carro nem pensar.
- Dio mio, o que eu tenho doutor?
- Você não tem nada, é que está tudo muito caro e aposentado como você deve ganhar uma miséria e talvez fique sem recurso para uma nova consulta. Quero garantir a sua saúde financeira e assim você possa voltar em consulta de três em três meses e garantir o meu $$$.
É novos tempos...